Lukas Schwandt: trazendo o Brasil para Berlim
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Lukas Schwandt: trazendo o Brasil para Berlim

Celso Celso Fernandes
12 de setembro de 2020

Imagem: Lukas Schwandt

[Histórias e Trajetórias]

Histórias e Trajetórias

Coletânea de entrevistas com artistas, profissionais, empreendedores e outros figuras da nossa comunidade brasileira na Alemanha.

Nesta matéria, cobrimos a trajetória do estudante e empresário alemão,  Lukas Schwandt, que transformou sua paixão pela água de coco em negócio. Lukas tem 23 anos e é fundador da Darumjeito, uma importadora de produtos brasileiros com sede em Berlim.


Meu nome é Lukas Schwandt, tenho 23 anos e sou do norte da Alemanha. Além de estudar, possuo uma empresa de importação com a qual comecei vendendo água de coco. 

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Créditos: Lukas Schwandt

Há alguns anos atrás, eu planejava ir para a Colômbia fazer serviço social, porém a viagem acabou não se realizando. Por volta do mesmo tempo, uma associação brasileira me convidou para ir a São Paulo treinar Muay Thai e ao mesmo tempo fazer serviço social.  Apesar de eu nunca ter cogitado a possibilidade de morar no Brasil, a proposta me pareceu bastante interessante, pois combinava minha paixão pelo Muay Thai com a vontade de ajudar pessoas. 

Eu fiquei em São Paulo durante um ano e não falava absolutamente nada de português quando cheguei. Para aprender o idioma, eu rapidamente tratei de me integrar através de  atividades esportivas, trabalho na cozinha,  jardinagem e ensinando inglês para as crianças da comunidade. Eu também fiquei responsável por apresentar o nosso trabalho para outros estrangeiros que iam lá visitar. 

Um dia, eu descobri que havia uma distribuidora de água de coco perto de onde eu morava. Todas as semanas, eu saía com a minha mochila de 70 L vazia e voltava para casa com ela lotada com dez cocos. Foi assim que eu me acostumei a beber água de coco diariamente no café da manhã.

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Créditos: Lukas Schwandt

Ao retornar para a Alemanha, senti muita falta da água de coco do Brasil. Achei que seria interessante unir esta nova paixão com o meu gosto por fazer negócios. Foi aí que comecei a vender água de coco engarrafada do Vietnã. Esse produto era de mais fácil aquisição aqui na Alemanha, porém o sabor não me agradava. Infelizmente os fornecedores vietnamitas adicionavam água com açúcar à água de coco e o resultado era menos que ideal. Todas as outras águas de coco que achei no mercado alemão também não me agradavam, pois não possuíam o sabor de um suco extraído direto da fruta. 

Sem desistir, eu comecei a procurar alternativas e fornecedores em outros lugares. Confesso que investi bastante tempo pensando na logística da coisa toda. Foi neste momento que entrei em contato com a EMBRAPA e eles me colocaram em contato com uma empresa que exporta água de coco por avião. Fiz a minha primeira encomenda e comecei a vender numa feira aqui em Berlim junto com um amigo. Este foi o início da “Darumjeito”, a empresa que iniciamos para comercializar água de coco na Alemanha. Paralelo ao coco, passamos a vender também o açaí, que foi outro alimento que aprendi a gostar durante uma visita à Amazônia. 

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Créditos: Lukas Schwandt

Na internet, eu encontrei o Sindicato do Coco em Recife e viajei até o Nordeste para conhecer, de perto, mais fornecedores. Desci até a Bahia onde visitei ainda mais plantações, fui para a Amazônia e finalmente encerrei a minha viagem em Fortaleza onde visitei a sede do EMBRAPA e recebi muitas informações sobre a comercialização da água de coco no exterior. Existem muitas plantações na Bahia, porém os escritórios ficam localizados em São Paulo.

De volta a Berlim, depois da investida inicial no Boxhagenermarkt, passei a vender no Schlachtensee que é um point muito bom. O problema é que para vender ao ar livre aqui em Berlim são necessários muitos papéis e permissões da prefeitura. Como eu não possuía a grana para requerer essas permissões, foquei em vender apenas para pequenos bares, mercadinhos e restaurantes. Aliás, esta era a ideia desde o inicio. Meu objetivo nunca foi se tornar feirante e sim um distribuidor aqui na Alemanha, porém sem uma reputação formada é muito difícil penetrar neste mercado. 

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Créditos: Lukas Schwandt

Um dia, uma amiga sugeriu que eu postasse um flyer de venda de açaí num grupo de brasileiros no Facebook. O post foi sucesso imediato com centenas de curtidas e comentários. Muitas pessoas se mostraram interessadas, porém quase ninguém apareceu para recolher as encomendas. Foi nessa ocasião que conheci o difícil público brasileiro: faz muita fanfarra nas redes, porém não constitui uma clientela sólida.

No final, o meu público alvo acabou sendo pequenos bares aqui na cidade. Estou visando também o mercado orgânico, porém ainda não possuo os certificados necessários.

produtos brasileiros na Alemanha
Créditos: Lukas Schwandt

Além da venda para comércios em Berlim, também envio água de coco e açaí para toda a Alemanha. Atualmente, a unidade do coco sai a 3 EUR mais o envio. Por exemplo, 15 cocos custa 45 EUR, mas o frete fica cerca de 10 EUR. Ou seja, um combo com 15 cocos entregues na sua casa hoje vendo por aproximadamente 55 EUR. Reconheço que não é muito barato, mas o maior problema continua sendo o frete. Por este motivo, as vendas do açaí são baixas: para entregar um quilo de açaí gelado na sua casa, preciso cobrar praticamente 10 EUR de frete. Vale demais a pena para quem compra em grandes quantidades, já que qualquer quantidade abaixo de 2 Kg, o valor do frete quase supera o do produto.

Venda de água de coco em Berlim
Créditos: Lukas Schwandt

No futuro, eu gostaria de fornecer meus serviços de importador para o número crescente de negócios brasileiros na cidade. Além do mais, estou pesquisando e pretendo incluir cachaças e suco de caju 100% natural do Brasil na lista de produtos. 

Interessados podem entrar em contato através do site oficial do Darumjeito ou através do Instagram.

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Celso Fernandes
Celso Fernandes
Autor
Engenheiro, empreendedor e programador de fim de semana.  Natural de Petrópolis, RJ. Trinta e poucos anos de idade e há dez anos vivendo na Alemanha. Escreveu o primeiro post no Batatolandia em 2008 e desde então não parou mais.

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