Tiete de Hitler constrói piscina nazista e leva um balde de água fria
Sociedade

Tiete de Hitler constrói piscina nazista e leva um balde de água fria

Celso Celso Fernandes
8 de abril de 2015

Aí vai uma notícia antiga, que estava perdida nos anais (bem lá nos anais mesmo) do Batatolandia. Leiam, critiquem, enfim... aproveitem. Na semana retrasada um colega de trabalho compartilhou uma notícia sobre um professor de história que tem um suástica estampada no fundo de uma piscina localizada na sua residência em Pomerode, Santa Catarina. Nascido e criado na Alemanha, meu colega nem imaginava que havia gente branca no Brasil, muito menos neonazistas. Tamanha foi a surpresa dele quando eu expliquei que o Sul do Brasil possui muitos descendentes de alemães e italianos que ali se estabeleceram nos séculos passados. Acreditem ou não, mas eu já estive em Pomerode e posso dizer que lugar mais propício à disseminação germânica neste país não há. Observei que ali a cultura alemã é intensa, com todas as suas qualidades e mazelas. Ou será que é mesmo? Em Pomerode, assim como em outras colônias alemãs no Brasil, existe uma exposição intensa de uma cultura alemã que uma boa parte dos alemães (com a exceção da Bavaria) não cultivam mais. Oktoberfest? Hoje é mais coisa de adolescente bêbado, turista japonês e outros gringos. Hitler, nazismo, racismo e assuntos relacionados? Hoje em dia é considerado assunto vergonhoso que deve ser mantido fora da luz do dia. O fato é algumas destas pequenas comunidades são compostas, em geral, por agricultores e pessoas simples, vivendo e pensando de acordo como eles acreditam que um alemão deve viver e pensar e usando os avós e bisavós como guias. Muitos nunca nem pisaram na Alemanha e apenas passam adiante o que os seus antecedentes trouxeram de uma Alemanha perdida num passado retrógrado e remoto que não condiz mais com a Alemanha moderna e multi cultural de hoje. A comunidade alemã no Brasil que me perdoe. Mas voltando ao assunto…a piscina foi descoberta durante uma ação da Polícia Civil de Santa Catarina e em pouco tempo, as imagens feitas do helicóptero foram chegando aos jornais e às redes sociais. Se em grande parte do país, assim como no exterior (EUA, Reino Unido, Israel), a revelação foi chocante, isso pouco surpreendeu as pessoas que já conheciam o tal professor de historia. Wandecyr Antônio Pugliese é professor de história, proprietário da residência localizada na cidade de Pomerode e admirador confesso da ideologia nazista. Pugliese já foi noticia no passado, quando em 1994 teve sua enorme coleção de artefatos nazistas aprendida pela polícia. Ele possui também um filho chamado Adolf e defende que o holocausto nunca existiu. Em uma entrevista de radio, Pugliese chegou a afirmar que os negros eram coitados, pois ficaram desempregados em 1888 (data da assinatura da Lei Áurea). O “Wander”, como é conhecido na região, possui fama pelos seus ideais neonazistas. Após uma pesquisa na Internet, consegui achar os seguintes depoimentos de ex-alunos “Na noite da minha formatura, a turma inteira se levantou para saudá-lo com um gesto nazista. Sim, fizemos o Heil Hitler. Morro de vergonha só de lembrar. Mas não porque éramos nazistas e, sim, para homenageá-lo. Como ele relativizou muito a questão do nazismo e de Hitler, nós não percebíamos a gravidade daquele gesto. A ideia era se despedir com algo que o agradasse. Ele até chorou”. Beppler “Por mais sutil que seja – porque ele não sai falando: amem Hitler, matem negros, sejam racistas, nem nada disso –, ele apenas alivia a barra de Hitler. Hoje, eu entendo como apologia, sim, mas é algo bem sutil para um adolescente se dar conta. Especialmente vindo de um cara que todos adoram”. Beppler “[O discurso] tem uma força incrível porque a retórica do professor era muito boa. Era realmente convincente porque, afinal, era algo que ele acreditava. Então, se você para e pensa numa turma com jovens naquela faixa etária – onde o que você mais quer é se revoltar contra alguma coisa, contra o sistema, por exemplo – esse discurso encaixa de uma maneira terrível porque propaga o ódio e te dá a falsa sensação de solucionar alguma coisa. E, então, muita gente que passou pelas aulas dele começou a acreditar que os problemas do mundo estavam ligados aos judeus, aos negros etc.” Garcia "Fui aluno do Wander no colégio Energia de Balneário Camboriu, onde sempre combati os discursos pro nazismo dele. Na época fui reclamar com a diretora do colégio porem a mesma me disse que não poderia fazer nada devido ao fato que ele alem de ser professor, também era um dos sócios de algumas unidades da rede em outras cidades do estado. A saudação nazista sempre foi acolhida por diversos alunos, ano atrás ano, em cada formatura, pois de fato ele consegue ter argumentos fortes contra jovens de 15 a 17 anos". "As aulas de historia dele sempre eram deturpadas em vários assuntos, não somente sobre o nazismo e o mesmo nunca utilizava nenhum livro na sala de aula durante suas classes". Vasselai Não há nada ruim que não possa ficar ainda pior. Segundo reportagem do Portal Metropole  nosso querido professor Wandecyr havia enviado cartas de apoio a instituições nazistas na Alemanha. A resposta recebida, porem, não foi nada acolhedora "Não aceitamos latinos, são todos farinha do mesmo saco... um bando de pretos favelados"

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Celso Fernandes
Celso Fernandes
Autor
Engenheiro, empreendedor e programador de fim de semana.  Natural de Petrópolis, RJ. Trinta e poucos anos de idade e há dez anos vivendo na Alemanha. Escreveu o primeiro post no Batatolandia em 2008 e desde então não parou mais.

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