Guia de bolso das eleições na Alemanha
[Guia]
Procurando informação de qualidade sobre a vida na Alemanha? Você chegou no lugar certo. Este não é apenas um guia. É um guia BATATOLANDIA.
No dia 24 de setembro a Alemanha irá as urnas para decidir o futuro do país. Depois dos estardalhaços de Trump (EUA), Le Penn (França) e Brexit, quem acha que as eleições alemãs não são grandes coisa se engana. Cientistas políticos de todo o mundo estarão observando de perto este acontecimento para tentar determinar se os sentimentos de direita, que afomentaram a vitória de Trump e o Brexit e que mais tarde se acalmaram com a derrota da ultra-direita na França e na Holanda, irão reacender.
Apesar dos partidos liderados pelos principais candidatos (Merkel e Schulz) não serem de ultra-direita, a súbita reação de uma população cada vez mais ameaçada pelo imenso número de refugiados, pode impulsionar partidos de ultra-direita, como AfD (Alternativ für Deutschland), pela primeira desde a era nazista.
Para ajudar você a entender o que irá acontecer nas próximas semanas, preparamos este guia simples explicando as propostas dos principais concorrentes (Merkel e Schulz) e como cada um poderá impactar o futuro do país.
Como funcionam as eleições na Alemanha?
Resumindo, os alemães votam para preencher os 598 assentos do Bundestag (Parlamento). O partido vencedor, então, tenta formar uma coalisão com outros partidos de maior afinidade e o líder do partido vencedor torna-se Chanceller (uma espécie de presidente). A forma como esta votação acontece, porém, é um pouco mais complexa.
Na Alemanha, os eleitores votam duas vezes. No primeiro momento, a população vota numa lista de candidatos locais que representam o seu distrito. O vencedor de cada distrito ocupa um assento no Parlamento. Metade dos 598 assentos do Parlamento são ocupados desta forma. No segundo momento, os alemães votam numa lista de partidos. Os assentos restantes (299) são, então, distribuídos entre os partidos proporcionalmente a porcentagem de voto recebido por cada partido. Apenas partidos com uma porcentagem de voto maior a 5% são comtemplados nesta distribuição.
Após as eleições, começam os jogos de formar alianças e distribuir assentos. Para formar um governo, um partido precisaria de ocupar mais de 50% dos assentos no Parlamento. Isso, porém, é extremamente improvável e por isso é preciso negociar e formar alianças com outros partidos.
A vantagem deste sistema em relação a outros sistemas na Europa é que ele permite que os eleitores votem num representante local pertencente a um determinado partido e depois podem passar o segundo voto para outro partido completamente diferente, caso assim o queiram. O partido da atual Chanceller Angela Merkel é chamado de CDU (União Cristã Democrata) e é partido irmão do CSU (União Cristã Socialista). Juntos eles ocupam 309 assentos no Parlamento e há quatro anos estão em coalisão com o Partido Social-Democrata (centro esquerda) que ocupa 193 assentos.
Quais são os principais temas deste ano?
Imigração
A questão da imigração é sem dúvida o maior tema dos últimos anos. Iniciado em 2015 quando a política de portas abertas de Angela Merkel permitiu que quase 1 milhão de refugiados entrassem na Alemanha. Na época, esta decisão quase custou a popularidade da Chanceller, mas desde então a porcentagem de aprovação foi recuperada. O medo que muitos alemães tem de uma possível invasão de refugiados, ajudou a formação e crescimento de novos partidos de direito, como o Alternativ für Deutschland (AfD). Muitos clamam pelo fim da política de refugiados, porém tanto Merkel quanto Schulz são a favor de uma política mais liberal.
Mudanças Climáticas
O meio ambiente é sempre um tema importante dentro e fora do período de eleições na Alemanha. Este ano, com a decisão de Donald Trump de tirar os EUA do acordo de Paris, o tema se tornou ainda mais presente. Apesar da luta de Angela Merkel para proteger o meio-ambiente, as emissões de gases nocivos permanece constante na Alemanha há anos.
Desigualdade Social
A Alemanha é um país desenvolvido e sua economia continua a crescer e o desemprego atingiu níveis baixos récordes desde a unificação. Apesar disso a taxa de pobreza está subindo e este atingiu níveis récordes também. O candidato Schulz colocou este tema como centro de sua campanha.
Segurança e terrorismo
Após sofrer alguns ataques terroristas nos últimos anos, sendo o mais recente o atropelamento de 12 pessoas no mercado de natal de Berlim em dezembro de 2016, a Alemanha tem lutado para aumentar a segurança no país. Tanto Merkel quanto Schulz propõe aumentar o número de policiais na rua e contratar milhares de novos recrutas.
Principais candidatos para as eleições de 2007
Angela Merkel
Atual Chanceller da Alemanha e está no poder desde 2005. Ela é a primeira mulher a ocupar este cargo na Alemanha e atualmente tem uma aprovação de 59%. Se ela ganhar, iniciará o seu 4º termo e no final do mesmo terá empatado com Helmut Kohl na lista de Chancellers pós-guerra que ocuparam o cargo por mais longo tempo (16 anos). Há quem diga que Angela Merkel seja atualmente a pessoa mais poderosa do mundo.
Propostas
- Política liberal em relação a refugiados
- Promover a economia global
- Cortar impostos, especialmente para jovens trabalhadores
- Baixar ainda mais as taxas (já muito baixas) de desemprego
- Contratar milhares de policiais em âmbito local e federal
Martin Schulz
Tem 61 anos, é o ex-presidente da União Européia e é relativamente novo na liderança do Partido Social Democrata. Ele foi eleito para liderar o partido em janeiro deste ano. Foi eleito prefeito da sua cidade natal em 1987, quando ainda tinha 31 anos, porém passou mais tempo em Bruxelas cuidando dos assuntos da União Européia do que na própria Alemanha.
Propostas
- Aumentar impostos para os ricos e aliviar a classe média
- Usar uma parte das reservas financeiras da Alemanha para promover projetos de infra-estrutura na União Européia
- Remover as armas nucleares americanas da Alemanha
Quem vai ganhar?
A Angela Merkel e seu partido CDU parecem estar na liderança. Pesquisas recentes mostram que ela possui entre 35 a 40% das intenções de voto, enquanto Schulz possui entre 20 a 25%. A verdade é que os alemães gostam da estabilidade política e relativa prosperidade vivida nos anos Merkel. No momento, ninguém está interessado numa revolução política que poderia desestabilizar a atual tranquilidade.
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