Quando meu filho conseguirá ir sozinho para a escola?
Quando meu filho conseguirá ir sozinho para a escola?
Com esse título começa o artigo de uma apostila que os pais ganharam da escola pública, onde meu filho ingressará, no ato da matrícula. A resposta está logo abaixo: “quando a criança, com a sua ajuda, tiver treinado para isso”.
Esse artigo está na apostila distribuída aos pais dos novos alunos que entrarão na primeira série do próximo ano escolar. Ele descreve como os pais podem treinar seus filhos a irem sozinhos para a escola quando o ano letivo começar.
Diz basicamente o seguinte: “escolha um caminho seguro para treinar com o seu filho, o caminho mais curto não é necessariamente o mais seguro. Escolha um caminho em que haja faixas de segurança, sinais para pedestres para que a criança possa atravessar a rua em segurança. Faça esse caminho com o seu filho em diferentes horários, assim ele perceberá que o trânsito é diferente dependendo da hora do dia. Mostre a ele os lugares em que ele tem que prestar mais atenção. Faça isso semanas antes de as aulas começarem. Acompanhe seu filho também durante os primeiros dias de aula até que ele esteja totalmente seguro. Mais tarde deixe-o ir sozinho, mas poderá observa-lo de longe para ver como ele se comporta. Se durante essa fase a criança for importunada por outros alunos, intervenha imediatamente. Levar o seu filho de carro para a escola? Por favor, de preferência não. O caminho até a escola é muito importante para o desenvolvimento social da criança. Dessa forma a criança trocará experiências com outros alunos, terá mais contatos, fará amigos e treinará a sua autonomia. Além disso, com a abdicação do carro, o senhor contribui para redução de perigo de acidentes em torno da escola.”
Esse é um pequeno exemplo de como as crianças “nórdicas” são treinadas para serem independentes e autonomas desde muito cedo. Muito diferente da cultura latina ou de países ao sul da Europa, onde a tendência é proteger a prole e mante-la debaixo da saia da mãe até quando não der mais.
No Brasil vejo esse exemplo drasticamente segmentado de acordo com a classe social da criança: enquanto crianças de classe social baixa não tem outra alternativa a não ser cuidarem deles mesmos e dos irmãos mais novos, pois os pais precisam trabalhar, as crianças de classe média e alta são criadas numa bolha social, tentando ser livre de qualquer violência urbana. Triste realidade para ambas.
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